• segunda-feira, 28 de abril de 2014

                    



    Ela caminhava vagarosamente pelas ruas enquanto observava calmamente as casa daquela cidade. Já cumprira o que fora dito ao Prof. Birch, convidara seu filho para viajar com ela e infelizmente o mesmo havia aceitado. Agora apenas restava-lhe esperar que o mesmo decidisse quando iriam partir, já que precisava aprontar-se e, por conta disso, provavelmente não faria mais nada naquele dia. Caminhando sem rumo finalmente pôde perceber aonde seus pés a haviam levado.



    Parada a sombra de uma árvore, pode observar no outro lado da rua um dos lugares onde passara a maior parte de sua infância, sua antiga escola. Ainda preservava o mesmo aspecto acolhedor de alguns anos atrás. Paredes feitas de pequenos tijolinhos marrons com portas azuis e uma área externa sustentada por pilastras coloridas. Um grande pátio na frente com diversos brinquedos dava espaço para que as crianças pudessem se divertir a vontade. Grandes portões de ferro faziam a proteção dos pequenos para a rua, que geralmente estava repleta de carros, mas que naquele momento estava aberta devido aos alunos que deixavam a escola naquele momento.


    Diversas lembranças se passavam por sua cabeça naquele momento, algumas boas, outras ruins. Ela escorou-se na grande árvore que lhe propiciava uma agradável sombra e se recordou de uma cena distante em seu passado, mas que até hoje passava-se perfeitamente por sua mente, como se houvesse acontecido há alguns segundos atrás.
    “Ela era uma garota pequena para a idade. Tão bonita e delicada quanto uma boneca de porcelana. Possuía olhos azuis como o céu e voz doce e delicada com sinos badalando. Adorava colorir, brincar, aprender, mas estava sempre sozinha. Depois de dois meses de aula, nenhum dos membros daquela sala de aula de crianças da primeira série havia ouvido ou conversado com aquela nova e estranha menina que se sentava no fundo da sala, cujos hábitos eram apenas ler, desenhar e observar o pequeno Golden que nadava despreocupadamente no aquário da sala.
    Pareciam achá-la diferente, tinham medo de se aproximar, ou talvez, ela tinha medo deles, pois fora criada em uma casa afastada da cidade sem contato com muitas pessoas até os sete anos. Todas as vez, ela levava seu lanche da escola em uma quantidade maior, na esperança de que tivesse alguém com quem dividir, mas ninguém nunca aparecia.
    Porém, aquele dia fora diferente. Ela já havia reparado nele, mas nunca notou que ele a havia notado. Ele vivia sempre rodeado de amigos. Ele estava sempre sorrindo. Seu sorriso parecia irradiar o sol, irradiava toda a alegria interior que havia dentro dele. Garotos geralmente não sorriam assim, mas ele era diferente.
    - Oi – Disse numa voz baixa, porém audível, os cabelos negros caindo sobre os olhos de cor vermelha. Ela sobressaltou-se de surpresa, não notara que havia se aproximado. Não notara que alguém falara com ela. Ninguém nunca havia falado com ela.
    - O-oi! – Respondeu, gaguejando pelo nervosismo de finalmente conversar com alguém de sua idade.
    - Você é a garota nova, não é? Posso lanchar com você? – Perguntou de maneira mais natural possível, sorrindo como sempre. Ela olhou ao redor certificando-se de que o garoto estava falando com ela.
    - P-pode – Respondeu simplesmente e ele, sem cerimônias sentou-se ao seu lado, abrindo sua lancheira.
    - Eu trouxe sanduíche de atum, minha mãe que fez – Mostrou-lhe dois embrulhos bem feitos de papel alumínio. Cada um contendo a metade de um sanduíche em formato de triângulo.
    - E-eu trouxe b-biscoito de chocolate. Eu que fiz – Mostrou-lhe uma vasilha cheia de biscoitos.
    - Sério? – Perguntou ele incrédulo olhando nos olhos da garota. Ela corou um pouco e confirmou com a cabeça.
    - Papai me ajudou, ele pôs no forno.
    - Maneiro! Posso comer um? – A garota confirmou com a cabeça. Ele estendeu a mão e pegou um dos biscoitos, levando-os direto na boca – Nossa! Tá muito gostoso! Vamos dividir os lanches?
    - Sim! – Respondeu ela sorrindo. Naquele dia o lanche foi recheado de sorrisos, biscoitos e sanduíches.
    Alguns minutos depois o sinal toca. Anunciando que todos tem que voltar para suas salas. O garoto e a garota se levantam da mesa do pátio.
    - A professora disse que depois do lanche vamos ter aula de pintura. Você quer fazer dupla comigo? – Perguntou ele com as mãos no bolso, o sorriso nunca deixava sua face.
    - Quero – Falou a garota que também estava sorrindo. Teria ela feito um amigo?
    - Legal! – Comemorou entusiasmadamente e em seguida parou de andar, como se algo houvesse passado por sua cabeça – Espere! Seu nome é May, não é? Meu pai me falou, ele é o Prof. Birch. É seu padrinho não é?
    - Sim – Confirmou um pouco envergonhada e estendeu a mão.
    - Meu nome é Brendan. Prazer em conhecê-la May! – Disse ele apertando sua mão e sorrindo. Em seguida, ainda segurando-a, puxou-a para dentro da sala.”
                     Ela balançou sua cabeça de um lado para o outro. Não adiantava ficar remoendo as coisas do passado, tudo aquilo fora há muitos anos. Não havia motivo para que ela permanecesse ali. Ouviu então um ronco alto e levou a mão ao estômago, fazia tempo que não comia, desde o café da manhã. Pensou em almoçar no centro pokémon, não haviam muitos restaurantes naquela cidade.
                    Quando ia saindo ouviu o remexer das folhas sobre sua cabeça e poucos segundos depois algo caiu em seu ombro, ela deu um gritou e bateu com a mão no que quer que fosse para expulsá-lo dali, dando um leve tremor ao sentir que se tratava de uma coisa mole. Virou-se para finalmente ver do que se tratava e, no chão, notou uma pequena lagarta de pele vermelha e grandes olhos amarelos. Possuía pequenas patas em forma de garras e três grandes ferrões amarelos. Um em sua cabeça e dois na traseira. Ela logo lembrou-se que se tratava de um inseto comum na região, Wurmple era seu nome, se não estava enganada.


                    A pequena lagarta se pôs a observá-la por um tempo e May tentou imaginar o que se passava por seu cérebro de inseto. A lagarta se aproximou um pouco mais e ela deu um passo para trás, não que não gostasse de insetos, mas ele não estavam entre seus tipos preferidos, pelo contrário até. Ela então pegou sua Premier Ball e liberou Skitty na frente da lagarta que se apavorou e encolheu-se no chão tremendo.
                    - Meeeeown – Skitty deu um pequeno miado e se aproximou lentamente da pokémon. Parecia tranquila e balançava a cauda em sinal de amizade. A lagarta levantou a cabeça e soltou uma série de pequenas agulhas roxas caracterizando o ataque Poison Sting, típico de pokémons insetos. Skitty deu uma pulo para trás e olhou para sua treinadora como se perguntasse o que fazer. May também estava confusa, mas olhou para a lagarta e perguntou por fim.
                    - O que você quer? – O pokémon olhou novamente em seus olhos, e por um instante o que a lagarta queria passou-se por sua cabeça. “Ela achara a garota bonita e queria ser capturada por ela, mas estava com medo da Skitty pois sabia que ia se machucar”. Lembrou-se de algum tempo atrás quando vira seu pai capturando um Pikachu que tentava invadir sua horta.
                    “- Todo Pokémon possui um poder oculto, uma força que nem eles mesmo conhecem e alguns precisam dos treinadores para isso. No mundo há vários pokémons que vagam sozinhos procurando aqueles que os façam dar o seu máximo, que os façam por o seu melhor para fora- Disse enquanto lançava uma pokeball em direção a criatura fora de combate”
                    Seria aquilo mesmo? Ela retirou de dentro de sua pochete uma das pokeballs dadas por seu pai no dia anterior, expandiu-a e lançou em direção ao pokémon sob o olhar atento do mesmo. Ela tocou sua cabeça e abriu-se, liberando um raio vermelho e tremeluzente que rapidamente envolveu o Wurmple e o sugou para dentro da esfera. Bastou apenas uma balançada para que ela emitisse um pequeno bipe que anunciava a captura completa.
                    Ela ficou parada por alguns instantes sem acreditar no que acabara de ocorrer quando sua pokémon se aproximou dela rolando a esfera com o rosto para entregar-lhe. May abaixou-se e segurou o objeto com suas mãos trêmulas. Havia feito sua primeira captura, de um modo completamente estranho, mas havia feito. Um sentimento de felicidade apoderou-se dela fazendo-a pegar sua gatinha e abraça-la com carinho.
                    - Esse é o primeiro novo membro de nossa equipe Skitty! Vocês vão ser muito fortes! – Disse ela recebendo um miado carinhoso em resposta. Mais uma vez sua barriga roncou e ela finalmente decidiu ir ao Centro Pokémon.
    ...
                     -Sim Padrinho, sim ele aceitou – Dizia a garota ao telefone do Centro Pokémon, poucos minutos depois de ter almoçado.
                    - Serio? Eu sabia que você conseguiria querida. Vou ligar pra ele, vocês vão sair hoje mesmo! – Dizia ele entusiasmado.
                    - Mas Padrinho, eu acho que ele...
                    - Não se preocupe! Venha para o meu laboratório por volta das duas horas que ele já estará pronto!
                    - Tudo bem então. Até mais tarde! – Disse ela conformada.
                    - Abraços May. Até logo! – Despendiu-se desligando o telefone em seguida.
                    May suspirou, estava claro que aquilo ia dar em confusão. Como o Prof. Birch ia convencer a sair de casa um jovem que nem queria ser treinador e que havia aceitado há menos de uma hora? Nem sequer haveria dado tempo do mesmo se arrumar, mas se o homem dizia, provavelmente conseguiria de um jeito ou de outro.
                    Ela levantou-se vagarosamente e foi ao banheiro do quarto temporário que lhe fora cedido pela enfermeira Joy para que ficasse até o dia seguinte, mas que felizmente não iria ficar nem mesmo uma hora. Tomou um banho rápido e refrescante, em seguida deitou-se na cama e retirou do criado mudo um livro sobre Pokémons do tipo inseto que a Enfermeira Joy le emprestara para aprender a cuidar de seu novo pokémon. Liberou a pequena Skitty de sua Premier Ball para que a mesma pudesse fazer-lhe companhia. Ela deixara o Wurmple sob os cuidados da Joy para que a mesma avaliasse seu estado de saúde antes de partirem. O tempo passou-se depressa e logo faltavam 15 minutos para as duas da tarde e ela já estava pronta para partir.
                    Desceu as escadas do edifício e se dirigiu a recepção com a chave do quarto em mãos, entregou-a para a Enfermeira e pegou seu pokémon de volta, com a constatação de que seu estado de saúde era perfeito. Despediu se da mulher, que desejou-lhe boa viagem e saiu do local, pegando sua bicicleta que estava no estacionamento e começando a pedalar. Ventava um pouco nas ruas fazendo com que seus cabelos balançassem de maneira desordenada. Pontualmente às catorze horas estava em frente ao maior laboratório pokémon da região.
                    Possuía três andares e era todo pintado da cor branca com grandes janelas de vidro que deixavam passar a luz do sol. Nos fundos do local, podia ver-se uma cerca que delimitava a área em que os pokémons deveriam ficar quando fossem soltos no laboratório. Dali, a garota podia ver uma série deles, alguns nem mesmo pertenciam àquela região. Ela passou pelo portão principal, cruzou o jardim bem cuidado deixando o veículo escorado em uma árvore e parou diante das portas de vidro, tocando a campainha ao lado.
                    Identificou-se interfone e finalmente pode adentar no local. Encontrou-se em uma grande sala de paredes bege com diversos sofás negros espalhados. Na parede oposta havia um grande balcão onde uma recepcionista jovem de cabelos ruivos lhe informou que o Prof. Birch atenderia em breve. Ela sentiu-se e não foi preciso muito tempo para que o pesquisador aparece-se com seu braço inutilizado. Agora finalmente estava apresentável com suas roupas e jaleco limpos, o cabelo havia sido lavado e todos os arranhões cobertos por band-aids.

                    - Que bom que chegou May. Venha, me acompanhe. Vamos até minha sala – Chamou ele com a mão boa. Ela levantou-se e seguiu-o pela porta de vidro por onde havia entrado. Passaram por um longo corredor com diversas portas diferentes que davam acesso às mais variadas salas. Algumas estavam abertas e ela podia ver alguns cientistas e ajudantes mexendo em grandes máquinas complexas ou escrevendo em pilhas de papeis. Finalmente chegaram a sala que pertencia ao pesquisador.
                    Não era muito grande, mas parecia de tamanho suficiente para deixa-lo a vontade. Possuía algumas máquinas que pareciam ser complexas, várias prateleiras com livros diversos e uma grande mesa branca com cadeiras de aspecto confortável ao seu redor. Birch sentou-se em uma e indicou uma a sua frente para que a menina se sentasse e assim ela o fez.
                    - Você não se importa de esperar um pouco, não é May? Brendan já está perto de chegar- Pediu ele enquanto procurava algo em uma de suas gavetas.
                    - Não, não está tudo bem – Ela não poderia partir sem ele, afinal.
                    Ambos conversaram sobre assuntos banais enquanto o tempo passava. Passados alguns minutos em que o homem olhava constantemente para o relógio. Passadas uma hora ele se levantou, pediu licença e saiu da sala, parecendo irritado. May imaginou que fosse ligar para o filho e estava certa, pois alguns segundos depois pode ouvir a voz do pesquisador vinda do corredor.
                    - Não importa, você fez um compromisso de estar aqui nesse horário então tem que aparecer... May está esperando aqui, ela já cancelou sua reserva no Centro Pokémon... Claro que suas roupas não são ridículas... Brendan, só venha e pronto. Aliás, seu avô mandou algo para você.
                    Ele voltou a sala ainda parecendo irritado, mas não mencionou nada sobre a conversa com o filho e ela preferiu também não tocar no assunto. May levantou-se e foi até uma das janelas do laboratório, observando os pokémons brincando ou simplesmente deitados tomando sol. Uma pergunta então passou-se por sua cabeça.
                    - Os Pokémons de meu pai estão aqui?
                    - Sim, a maioria deles. Ele os mandou para cá pois disse que seria melhor para eles já que teriam uma zona maior para ficarem livres e ainda entrariam em contato com outros pokémons – Explicou ele.
                    - E os da minha mãe? – Um minuto de silêncio seguiu-se.
                    - Eles não estão aqui. Aliás, não sei onde estão porque há muito tempo ela retirou-os do laboratório e eu nunca mais soube o que ouve.
                    De repente, um ruído estridente preenche a sala vindo do interfone sobre a mesa do Prof. Birch. Ele rapidamente atende-o e diz para deixa-lo entrar, em poucos segundos entra um garoto mal humorado de cara fechada na sala. Vestia uma camiseta de gola polo das cores preta e vermelha, calça preta e tênis modernos das cores preta, vermelha, verde e branca. Em suas mãos haviam luvas vermelhas cortadas dos dedos e em sua cabeça, uma touca branca e verde que cobria praticamente todos os cabelos negros e lisos. Carregava uma mochila verde nas costas que parecia abarrotada de coisas, assim como a dela.

                    - Por que motivo, razão ou circunstância você quer sair em jornada logo hoje? – Perguntou ele de cara fechada olhando para May.
                    - Não foi ela quem decidiu que vocês deveriam sair hoje Brendan, foi eu – Interveio o Prof. Birch para evitar acusações para a garota ou uma possível briga.
                    - Posso saber o motivo de tão sapientíssima decisão?
                    - Você já demorou muito tempo para sair de casa. Não faria nenhum mal adiantar algumas horas, além disso, era melhor que eu o fizesse sair antes que mudasse de ideia – Explicou o pesquisador de maneira mais natural possível. O garoto bufou.
                    - Não está muito difícil isso acontecer – Disse enquanto puxava uma cadeira ao lado da garota e sentando-se ali, mas sem olhá-la – E então, que vai me dar? E o que o velho Blaine mandou para cá?
                    - Mais respeito com seu avô – Reclamou Birch e o garoto deu de ombros, aquilo já estava irritando a menina – Primeiramente gostaria de entrega-los um objeto muito especial de treinadores. Consiste em uma enciclopédia virtual portátil que vocês poderão utilizar em seus pokémons e nos que encontrarem no caminho. É chamada de Pokedéx – Disse mostrando um aparelho vermelho de botões que assemelhava-se muito a um daqueles jogos portáteis.
                    - Nossa, ela é incrível! – Disse a garota com os olhos brilhando. Quantas vezes não sonhara em possuir uma daquela? Ter dezenas de livros sobre pokémons em um simples aparelho que poderia ser carregado para qualquer lugar.
                    - Hum, legal – Disse o menino sem mostrar muito entusiasmo com o aparelho.
                    - Vou dar a cada um de vocês uma, ela também servirá como identificação pessoal e poderão usá-la para inscrever-se em qualquer evento relacionado á pokémons – Retirou de sua gaveta outro objeto semelhante àquele e entregou uma para cada.
                    - Obrigada Padrinho – Agradeceu ela enquanto segurava o objeto com maior cuidado possível.
                    - Valeu, velho – Brendan recebeu a sua, abriu a bolsa e jogou dentro.
                    - Não precisam agradecer. Sei que em troca ganharão muitos prêmios e se tornaram treinadores renomados trazendo reconhecimento a nossa pequena cidade – Disse olhando com orgulho para os dois jovens. May não pode deixar de sorrir, mas Brendan soltou uma gargalhada que não se assemelhava em nada com u riso de alegria.
                    - Haha - Pôs a mão na boca – Foi mal.
                    O professor Birch ficou levemente desconcertado, mas nada falou a respeito da risada do filho. Apenas levantou-se e dirigiu-se a uma máquina atrás de si onde apertou um botão e uma pequena luz surgiu e desapareceu rapidamente e, em seu centro onde estava um espaço circular surgiu uma lustrosa pokeball que rapidamente foi pega pelo pesquisador que imediatamente voltou-se novamente para eles.
                    - Isso foi o que o seu avô lhe mandou Brendan. É uma Pokémon interessante, creio que irá gostar dela – Disse lançando a esfera nas mãos do garoto que apenas observou e ia guarda-la em seu bolso quando o homem o interrompeu – Não vai olhar para ver qual pokémon é?
                    O garoto suspirou e expandiu a esfera, apertando novamente o botão central para liberar o pokémon contido em seu interior. Parecia uma pequena raposa de pelo avermelhado. Possuía olhos brilhantes e seis longas caudas vermelhas que enrolavam na ponta. Além disso, uma grande quantidade de pelos em sua cabeça formava um topete. Era uma Vulpix, um pokémon de fogo comum na região de Kanto. Ela levantou a cabeça farejando o ar e em seguida sentou-se maneira elegante e olhou para seu novo treinador com uma expressão curiosa.


                    - Ér... Eu sou Brendan, sou seu novo treinador. Tudo jóia? – Perguntou o garoto, um pouco inserto do que deveria dizer no início.
                    - Vuuuuuulpix – A Pokémon assentiu com a cabeça sorrindo.
                    - Bem, eu vou te mandar de volta para a Pokeball porque vamos sair, até logo – Disse recolhendo a raposa e guardando a esfera no bolso – Quando vamos? – Perguntou para a garota.
                    - Ah, bem. Já são quase quatro da tarde. Acho que não seria adequado que saíssemos hoje, pois teríamos que passar a noite na rota – Respondeu May olhando pela janela observando a posição do sol.
                    - Bem, a May está certa. Acho que vocês podem sair amanhã bem cedo que conseguirão chegar a Oldale no cair da noite – Concordou Birch.
                    - O que?! – O garoto parecia incrédulo – Nem fodendo! Vocês me fizeram arrumar as coisas e vir até aqui correndo igual a um maluco para não sair hoje? Vamos sim. Se você não quiser ir garota, problema seu porque eu estou partindo. Tchau velho! – Disse levantando-se com raiva e andando rumo à porta.
                    - Mas... – May tentou argumentar, mas o garoto parecia irredutível e nem lhe deu atenção. Ela olhou para o Prof. Birch, ele parecia um pouco chateado pela fria despedida do filho– Vou atrás dele Padrinho. Adeus e que Arceus lhe proteja! – Seguiu levantando-se. O Prof. Birch fez o mesmo, indo até ela e dando-lhe um abraço.
                    - Ele é um garoto difícil, mas está tudo bem. Tome conta dele e não tome nenhuma atitude imprudente – Disse o homem relacionando-se ao assunto discutido mais cedo.
                    - Hum... Ok. Vou indo então – Separou-se do abraço e correu atrás do outro que já saia pelo portão quando conseguiu alcança-lo, estava empurrando a bicicleta vermelha que ela vira em seu quarto no dia anterior. Ele seguia a passos firmes olhando diretamente para frente e sua expressão estava séria.
                    - Deveria ter se despedido melhor do seu Pai. Ele pareceu um pouco triste – Comentou a garota, mas o adolescente ignorou-a, continuando a seguir seu trajeto.
                    - Você tem bicicleta, não tem? – Perguntou ele por fim.
                    - Sim, mas acho que a deixei no laboratório... – Lembrou-se quase dando um tapa na própria testa.
                    - Não vou falar nada a respeito do seu quociente de inteligência. Vá busca-la, pois não estou a fim de caminhar pelo continente – Disse sentando-se na calçada de concreto e deixando o veículo deitado no chão ao seu lado – Vá logo! – Apressou-a. Rapidamente ela voltou correndo ao laboratório e logo ambos já estavam pedalando. Atravessaram a cidade e em pouco tempo chegaram a rota 101.
                    Grandes e verdejantes árvores rodeavam uma larga estrada de terra batida que há muitos anos é percorrida por viajantes para alcançar a pequena cidade. Ventos balançavam a folha das árvores fazendo um leve e agradável ruído. O céu ainda estava nublado carregado de algumas nuvens escuras, dando a impressão que já era começo da noite. Os jovens respiraram fundo e prepararam-se internamente para aquele momento que mudaria suas vidas. A partir do momento em que cruzassem a saída, seriam donos de seus próprios destinos e responsáveis por eles mesmos. May tomou a dianteira, pedalando a frente do colega sem olhar para trás.


                    Pedalar por aquela rota era fácil, pois o terreno era plano e sem muitos buracos. Além disso, a estrada era larga permitindo com que eles andassem lado a lado, embora dificilmente isso acontecesse. Cada um parecia focado em seu próprio mundo sem dar muito espaço para que o outro entrasse. Vez ou outra, sob reclamação de Brendan, May parava para batalhar com alguns pokémons selvagens que surgiam pelo caminho.
                    Quando anoiteceu e a estrada ficou escura demais para que continuassem seguindo, decidiram procurar um local para acampar e adentraram entre as árvores que margeavam a rota e logo encontraram uma pequena clareira que parecia ter sido usada a algum tempo por viajantes e continha até algumas madeiras jogadas em um ponto. Ela rapidamente pegou algumas folhas secas e juntou com a lenha que acederam graças ao Ember de Vulpix. Tudo isso aconteceu sem muitas conversas, não parecia ser o inicio de viajem esperado pela maioria dos iniciantes.
                    Liberaram seu pokémons para alimentá-los e Brendan acabou por revelar que possuía outro pokémon antes de ganhar a Vulpix. Parecia um pequeno anfíbio quadrúpede. Possuía pele azulada e uma grande barbatana em sua cabeça que muitas vezes era usada como sensor pelo mesmo. Havia duas grandes guelras laranja em suas bochechas e uma cauda em forma de nadadeira que auxiliava na natação do pokémon. Provavelmente ele havia sido dado ao garoto por seu pai; era um Mudkip, um dos iniciais de Hoenn.

                    Rapidamente os Pokémons socializaram-se entre si, exceto pela pequena Vulpix que ao ver os Pokémons de May ergueu o nariz e se virou de costas, se movendo para ficar ao lado se seu treinador. Wurmple também parecia ser um pouco tímido, mas logo ficou vontade perto dos iniciais.
                    Tudo parecia estar na mais perfeita calma exceto pelo silêncio entre os treinadores. May parecia pronta para falar alguma coisa quando algo a fez parar. Seus pokémons imediatamente assumiram uma postura ereta e atenta olhando para algum ponto inexistente a frente. Skitty e Vulpix moviam as orelhas de um lado para o outro enquanto Mudkip balançava sua barbatana. Wurmple parecia estar na mesma situação que sua treinadora, pois sua audição não era tão boa quando a dos outros.
                     - Ouviu alguma coisa? – Perguntou May a Brendan que também estava atento ao movimento de seus pokémons e ele negou com a cabeça. Ela iria continuar sua fala quando aquilo que foi detectado por seus pokémons chegou a seus ouvidos. Parecia um grito, um grito de uma garota que estava a dezenas de metros de distância, entretanto, o tom de desespero em sua voz foi claramente percebido pela menina. Ela logo levantou-se e recolheu Wurmple.

                    - Você não está pensando em... – Começou Brendan, mas não concluiu sua frase, pois a garota fizeram um pequeno sinal para sua Skitty e juntas, adentraram correndo por entre as moitas da mata escura.

    { 9 comentários... read them below or Comment }

    1. Pera que foi muitas coisas nesse episódio e eu não consigo processar muito rápido.

      Depois daquele pequeno flash back, que reforçou a ideia apresentada antes de que o Brendan e May eram amigos, fiquei muito curioso em saber qual foi o motivo da quebra desse laço entre eles. Só eu percebi que o Brendan era bem gentil antes? Prefiro ele como está hoje,pessoas muito boazinhas acho muito zZzZ

      WURMPLE!POKEMON INSETOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO! Como assim já captura um Wurmple logo no ínicio? Eu não tenho estruturas pra esse tipo de coisa, vá com calma ai.Eu amo muito pokémons insetos, idolatro pokémons insetos, vivo pelos pokémons insetos. Vou te atazanar pro resto da vida depois disto ( o Canas deve ter se arrependido de ter colocado a Vivian lá por acusa de mim). Eu quero muito uma Dustox ♥ imagina a perfeição que ela e Skitty iriam fazem juntas?

      E esses pokémons do Brendan? São muito legais também, principalmente Vulpix que é meu favorito do tipo fogo.Mas eu percebi que esse dai é bem metido, hein? Quero muitas tretas entre eles.

      Já começaram a jornada? Nem estou acreditando, já estou imaginando os próximos episódios em que toda coisa que a May fizer de errado o Brendan vai dar uma patada nela kkkkk Não vou suportar.

      Acham que deveriam proibir os autores de deixarem esses suspenses para os próximos capítulos? Porque a única coisa que eu faço pelo resto ad semana é imaginar mil e uma possibilidades do que vão acontecer com os personagens.

      Esperando pelo próximo cap, Carol! Muito bom trabalho :)

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    2. Gostei de um flashback, mesmo não trazendo informações novas, aprofundou a relação entre os dois. Em geral o capítulo foi mais começo de jornada, mover os personagens pra onde eles precisam ir, acho esses muitas vezes difíceis de escrever, a chance deles ficarem chatos é grande, mas você fez um trabalho legal.

      A conexão com Kanto é legal, mas o mundo parecer realmente um mundo. Mesmo que ele não venha a ser importante, só de dar uma apontada pra presença de coisas fora de Hoenn é legal.

      Achei que ia ser só o Vulpix pro Brendan, que ai ser uma escolha diferenciada, mas nunca dá pra dizer não para um mudkip (melhor pokémon, não tem como escolher outro em Hoenn).

      E lá vem você com drama antes mesmo de Oldale. Gosto assim, sem medo de fugir do jogo.

      Morrendo de curiosidade pra chegar nos seus líderes de ginásio, reimaginações deles são algumas das minhas partes favoritas de histórias pokémon.

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      1. Essa relação dos dois ainda vai ser mais aprofundada futuramente, algo aconteceu para que a convivência deles seja tão conturbada. Geralmente esse início de jornada acaba seguindo um padrão de ir ao laboratório pegar os pokémons, pelo menos assim tem uma variada pra dar uma animada na história rs.
        Como aqui na Neo Aliança todas as histórias são conectadas, você talvez veja diversas ligações no futuro aqui sobre as fics das outras regiões.
        Mudkip é um reizinho ne, sempre tem que aparecer de uma forma ou de outra nas fics. Melhor e mais fofo inicial de Hoenn, quem não ama ele tem que ser banido do planeta.
        Pode esperar muito grama por aqui, afinal sou a rainha do drama rs.
        Logo logo você chega ao ginásio, espero que goste do que irá ler. Foi um dos capítulos que mais gostei de escrever.
        Muito obrigada pelo comentário! Abraços e até a próxima!

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    3. Enfim eles estão na estrada! Agora temos oficialmente aberta a jornada de May e Brendan, e já começou do jeito mais improvável que eu poderia imaginar!

      Uma coisa que eu achei interessante foi essa pista que você deu do passado dos dois treinadores. Aparentemente eles se davam bem na infância, então o que poderia ter ocorrido para que eles adquirissem essa aversão ao outro?

      Ainda sobre o Brendan, pra quem tava na maior má vontade de sair em jornada ele até que deu um sumiço instantâneo do laboratório. Alguma coisa ele tem em mente. Com certeza vai ser um carinha bem problemático.

      Pra completar, a May ouve o grito no meio do mato e sai em disparada na direção de onde o suposto problema está acontecendo. Será que esses dois sobrevivem antes de chegarem a Petalburg?

      Até a próxima! õ/

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      1. Oiii Shadoow! Que bom ver seu comentário por aqui (e finalmente aparecer para responder) rs.
        Sim algo aconteceu que a relação deles seja tão conturbada dessa forma, mas no futuro será revelado mais sobre o que aconteceu entre esses dois minijovenzinhos.
        O Brendan é bem ignorantezinho rs Talvez tenha realmente alguma motivação, mas posso dizer que muito disso também foi para implicar com o pai.
        Se eles não morrerem nessa rota, vão ter muitas outras pela frente onde eles arrumam problemas, não se preocupe. rs
        Obrigada pelo comentário, Shadow!
        Abraços e até a próxima!

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    4. Eu estou convivendo uma relação de amor e ódio com o Brendan pq pela amor de Deus, que garoto rude.
      Yooo Carol, tudo bem? <3
      Cara, eu sou apaixonada por flashback e fiquei chocada quando vi aquele menino doce e descobrir que ele é o Brendan. O QUE CARALHOS ACONTECEU COM ELE?! Curiosidade a mil.

      WURMPLE É UM INSETO MUITO FOFO AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA ESTOU CURIOSA PRA SABER SE ELE VAI VIRAR UM DUSTOX OU UMA BEAUTIFLY <3

      Mas agora eu vou pagar pau para o time do Brendan. Mudkip melhor inicial de Hoenn e Vulpix é um amor. E ELA É TODA METIDA, AAAAAA QUE FOFA <3

      Curiosa pra saber quem vai ser a garota que gritou. Uma nova companheira?

      até mais <3

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      1. O Brendan é insuportável as vezes, mas é muito difícil não amar ele porque as vezes ele diz exatamente o que gostaríamos de dizer. Eu amo flashback, gosto ainda mais quando tem esses capítulos que voltam no tempo pra gente ver ainda mais sobre o passado dos personagens.
        Eu amooo Wurmples, eles são fofos e tem evoluções legais. Pena que as pessoas não dão tanto valor quanto deviam aos pokémons insetos.
        O time do Brendan é o melhor mesmo. SE ELE GANHOU POKÉMONS BONS DOS PARENTES DELE, FOI PORQUE ELE MERECEU. ELE NÃO TEM CULPA SE OS PARENTES DOS OUTROS NÃO TEM BONS POKÉMONS PARA DAR. Tá, parei. É uma irônica que o time dele até então seja o melhor pq esse infeliz não quer nada da vida rs.
        Quem será que gritou? Não percam as cenas não tão inéditas dos próximos capítulos.

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    5. Opa, olha quem tá aqui de novo, eu mesmo
      Já começamos com um flashback fofinho da infância da May e olha só, ela e Brendan já se conheciam, incrível, Brendan era uma gracinha quando criança que aconteceu para ele ficar do jeito que tá hoje?
      E uau, mas já a primeira captura de May e Brendan? Meu deus, que rápido, mal começaram a sair em jornada e já capturando Pokémon logo assim de cara, que rápido e o Brendan ainda tem um fucking Vulpix???
      Ai Carol, esse capítulo foi maravilhoso, já to partindo para o próximo.

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      1. Sim, o Brendan uma criança legal e fofinha que se revoltou contra a humanidade ficando pistola. Eu comecei a revelar um pouco sobre o passado dele nos capítulos mais adiante, porém em breve a história dele será contada e saberão mais sobre quem ele é hoje.
        SIM, já porque aqui estamos em uma CORRIDA POR HOENN. No capítulo 30 a May já ganha a LIGA (sqn).
        Que bom que o capítulo te agradou, Leucro. Espero que continue gostando dos próximos!

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