
Especial – Minha pequena May
Ela
olhava pela varanda de seu apartamento. Era sem dúvida uma das mulheres mais
bonitas de toda Hoenn. Os cabelos castanho-acobreados dançavam com o toque do
vento e os olhos azuis quase se misturavam com a tonalidade do céu. Vestia um
leve vestido branco que deixava bem perceptível a barriga de cinco meses, sobre
a qual a mulher mantinha a mão em uma constante carícia. Sentia-se realizada,
agora todos podiam ver que ela já não andava sozinha.
Logo
o barulho de chaves destrancando a porta fez-se ouvir e ela virou-se, sorrindo
ao ver o marido entrar no aposento. Assim que a viu, o homem também sorriu,
encantado pela beleza da mulher em sua frente, James Primrose se sentia o homem
mais sortudo do mundo, ainda não acreditava que ela havia aceitado se casar com
ele.
-
Está pronta, querida? – Perguntou enquanto se aproximava e dava-lhe um suave
beijo nos lábios, todo o cansaço do trabalho do dia sumira de seu rosto.
-
Estou sim – Respondeu sorrindo enquanto levantava-se – O bebê esteve agitado a
manhã inteira. Mal deixou a mamãe se concentrar no trabalho, não é, meu amor? –
A última parte foi dirigida à barriga a qual acariciava.
-
Se você cantou pra ele não o culpo – Observou ele e em seguida abaixou-se e
imitou uma voz infantil - A mamãe tem a voz mais linda do mundo não é, papai? –
Dayene riu e deu um leve tapa no ombro do marido.
-
Bobo! Sabe que eu canto mal pra caramba!
-
Ai! – Reclamou, fingindo uma face magoada – Não me culpe se acho tudo o que
você faz perfeito – Continuou, fazendo-a dar um sorriso - Apesar de achar que
umas aulas de canto poderiam ajudar.
Ela
fechou a cara e deu-lhe um tapa mais forte que o anterior. Em seguida, foi até
a mesa da sala e pegou sua bolsa e conferindo se tudo o que precisava estava
ali. Logo sentiu os braços do marido ao seu redor e sua respiração
acariciando-lhe suavemente o pescoço causando-lhe arrepios. Seu corpo inteiro
parecia exultante ao simples toque dele.
-
Você é a melhor mulher do mundo. Toda vez que te escuto pronunciar meu nome
sinto que o mundo inteiro revira pela sensação de borboletas em meu estômago.
Acredite, sua voz para mim é como o cantar de mil anjos, não poderia ser mais perfeita
– Dayane sentiu que seu coração iria saltar do peito com aquelas palavras, seu
marido às vezes tinha o dom de deixá-la muda. Sempre fora assim, desde que começaram
a viajar juntos pela primeira vez, por isso, ela sabia que não precisava dizer
nada e apenas virar-se e tocar-lhe os lábios com os seus para dizer que sentia
a mesma coisa por ele.
James
retribuiu o beijo e, naquele instante, o mundo foi novamente só deles. Lembrou-se
naquele fim de tarde na praia de Slateport, quando ele era apenas um jovem
inseguro que se declarava para a sua melhor amiga, por quem era apaixonado há
muito tempo. De como ali mesmo ela dissera que também estava apaixonada e do
primeiro beijo de ambos. Naquele dia ele tivera certeza, aquele sempre seria o
melhor dia da sua vida. A ruiva afastou vagarosamente se rosto do dele e
escorou a cabeça em seu ombro.
-
Amor, por mais que eu goste de estar aqui, temos que ir logo ou perderemos o
horário da consulta – Disse ela com a respiração afetada. Aquilo finalmente
despertou-o.
-
Santo Arceus, a consulta! Me esqueci da consulta! – Ele levou a mão aos cabelos
e a mulher riu.
-
Calma querido, ainda estamos no horário, mas precisamos ir logo – Isso pareceu
acalmá-lo um pouco.
-
Isso, isso, sim. No horário – Pegou a carteira e as chaves do carro que deixara
sobre a mesa e a bolsa da esposa que revirou os olhos, ele nunca a deixava carregar
peso, por menor que fosse. Segurou sua mão carinhosamente enquanto a puxava
para a porta. De repente, parou como se tivesse lembrado subitamente de algo e
logo depois virou-se para roubar dela um rápido beijo – Para dar sorte.
Dayane
riu e balançou a cabeça negativamente.
-
Esperanças de que seja menino ou menina? – Perguntou animada.
-
Na verdade, estou mais desejando que tenha todos os dedos das mãos e pés. Dois
olhos, um nariz e uma boca e que estes estejam no lugar certo. O resto pra mim
está ótimo.
Andaram
rumo ao elevador e apertaram o botão do térreo, ambos em silêncio desfrutando
da companhia um do outro. O elevador se abriu poucos segundos depois no andar
desejado e se dirigiram ao carro.
-
Mas se eu pudesse dar um chute, diria que é uma menina. Mamãe dizia que a
barriga dos meninos é mais pontuda – Falou fazendo a mulher rir alto.
-
Só vamos torcer para que ele ou ela esteja de boa vontade e nos deixe ver dessa
vez – Comentou sorrindo.
Dirigir
pelas ruas naquele horário era relativamente tranqüilo, o clima estava fresco e
o transito não muito conturbado. Além disso, a clínica era próxima, apenas 10
minutos de carro de sua casa. Assim que viu as paredes marrons e os vidros
escuros da fachada do lugar, ela se remexeu no lugar, ansiosa. Queria muito
poder ver imagens de seu bebê, ouvir seu coraçãozinho apressado dizendo o
quanto estava vivo e saudável e, é claro, saber se teria em seus braços um
garotinho agitado ou uma garotinha meiga.

O
carro foi estacionado no estacionamento exclusivo na frente da clínica e logo o
homem já estava do outro lado para ajudá-la a sair do veículo, não que ela
precisasse, é claro. Aquelas atitudes a faziam revirar os olhos, mas se o
marido sentia-se melhor com aquilo, não se importava em deixá-lo fingir que era
importante vez ou outra.
A
recepção estava vazia, exceto pela recepcionista que digitava algo em seu
computador. O balcão feito de madeira com tonalidades de marrom claro com o
nome da consultório na parede de fundo. A esquerda, haviam dois grandes sofás
marrom escuro e duas poltronas de estofado bege. Algumas pequenas plantas se distribuíam
pelo local e na parede, havia uma televisão de plasma reproduzindo a novela da
tarde.
A
mulher se dirigiu a recepcionista, que se chamava Ângela, para confirmar seu
horário e pagar a consulta e então sentou-se, esperando ser chamada, o que,
segundo a outra, aconteceria em poucos segundos. Pegou uma revista qualquer
para ler enquanto James digitava algo em seu celular, parecia ser um assunto
importante e provavelmente relacionado ao trabalho, por isso, ela não o incomodou.
Ouviu
então um barulho no corredor ao lado da recepção e logo uma mulher acompanhada
do marido apareceu por lá, sorrindo com um envelope na mão. Ambos possuíam mais
de quarenta e aparentavam uma felicidade que emanava pelo local. Ângela
perguntou como havia sido e a senhora, sem nunca deixar de sorrir, disse que
estava grávida sim e que não era apenas um bebê, mas gêmeos. Dayane se
perguntou como seria se ela também estivesse grávida de gêmeos, James ficaria
feliz, mas com certeza surtaria por algum tempo.
O
telefone da recepção tocou, fazendo-a sobressaltar-se e logo ouviu seu nome ser
chamado, juntamente com a orientação entrar na primeira porta a esquerda do
corredor e assim ela o fez, acompanhada por James. A médica já esperava por
eles, era uma bela moça loira de olhos verdes. Seu nome era Jennifer e havia
sido colega de sala de Dayane. As duas sempre foram muito amigas, mas acabaram
se afastando um pouco quando a ruiva decidiu sair em jornada.
Algumas
perguntas básicas sobre a gestação foram feitas, apenas para seguir o protocolo
de maneira adequada, visto que a médica já conhecia todos os mínimos detalhes
da gravidez, foi a primeira pessoa a quem Dayane procurara quando seu teste deu
positivo. A seguir, ela apontou para a cadeira aonde seria feito o ultrassom. A
ruiva sentou-se e levantou o vestido para expor a barriga, não sem corar diante
do olhar de ambos que a encaravam. Jenny cobriu seu quadril com um lençol
qualquer e aplicou-lhe o gel frio sobre a barriga, observando a ruiva
estremecer ao contato.
-
Alguma expectativa com relação ao sexo? – Perguntou para o casal. Ambos
sorriram e negaram.
-
Não, mas ele acha que é uma menina. Disse que minha barriga não está pontuda o suficiente
– A resposta foi acompanhada de um riso suave. A médica sorriu.
-
Eu também acho que é uma menina, mas vamos ver o que dizem as imagens – Disse
enquanto pressionava o aparelho de obtenção de imagem na barriga da gestante –
Já pensaram nos nomes?
-
Mais ou menos. Temos uma idéia, mas ainda não é nada definitivo. Pensamos em
May se for uma menina e December, caso seja menino – Dessa vez, foi James que
respondeu. Os nomes foram idéia dele, mas ela os adorara. May, o mês de maio,
foi quando deram seu primeiro beijo e December ou dezembro, o que se casaram.
Não poderiam criar mais nada que combinasse tanto com eles.
-
São nomes bonitos – Comentou sem olhar para James e mexeu no aparelho mais alguns segundos até obter a
imagem que desejava – Aqui está! Já podemos ver o seu bebê – Apontou para a
tela e ligou o aparelho de som e logo os batimentos apressados do bebê
preencheram a sala. Dayane não pôde deixar de se emocionar.
Algumas
medidas foram feitas para avaliar se o crescimento estava adequado. A médica
não pode deixar de comentar o quando a criança estava agitada naquele dia.
-
Bem, agora vamos a ultima dúvida: o sexo do bebê – Disse com um sorriso, era
obvio que já sabia, mas queria fazer suspense para os pais. Moveu o aparelho até focalizar a
pelve – Estão vendo isso aqui? – Perguntou ela movendo o dedo por uma parte
impressiva.
-
Sim – Respondeu Dayane, incerta do que ela estava querendo lhe mostrar.
-
Acho que o nome será May, afinal – Os olhos da ruiva encheram-se de lágrimas.
May... Sua pequena May... É claro que ela já sabia, ela sempre soube. Seria
parecida com James? Era o que desejava, mas se parecesse consigo também não se
importaria. Por um instante desejou que os dias se transcorressem mais depressa
e se transformasse em semanas e as semanas em meses, assim teria logo sua bebê
nos braços.
-
Eu falei – Disse James – Os ensinamentos de minha avó sempre dão certo.
-
Sim, assim como você falou para a Caroline que o Brendan seria menina, não é? –
Provocou a ruiva.
-
Pequenos equívocos acontecem.
***
Chegando
a seu apartamento após um pequeno lanche, a ruiva se dirigiu novamente até a
varanda, onde se sentou para tomar um ar fresco natural e aproveitar o fim do
dia, dali era possível ver o por do sol sobre o mar. Lilicove possuía uma das
praias mais bonitas da região.
Ficou
ali até o anoitecer, quando o vento frio começou a incomodar-lhe um pouco.
James havia voltado ao trabalho, a empresa de pesquisa para tecnologias pokémon
estava em seu auge, a cada dia eram descobertas coisas novas por isso
precisavam de seus cientistas o máximo possível. A maioria das vezes ela sentia
vontade de trabalhar, mas, por conta da gravidez, James e seu irmão (o dono da
empresa) fizeram um complô para que ela trabalhasse o menos possível e em casa,
o que a irritara profundamente.
Foi
até a geladeira e pegou um pedaço de torta de morango que Archie havia
mandado-lhe no dia anterior e que ainda não provara, comeu-a rapidamente,
deliciando-se com cada pedaço. Lavou a louça em seguida e, sem ter o que fazer,
se dirigiu ao quarto que até então permanecia fechado.
Era
todo pintado em tons claros nas cores marrom, verde, branco e laranja - tons
neutros, pois ainda não haviam descoberto o sexo. Compraram o apartamento assim
que souberam que ela estava grávida e como o mesmo ainda precisava de algumas
reformas, aproveitaram para montar logo o quarto do bebê. Todos os móveis
brancos haviam sido escolhidos cuidadosamente, assim como todos os outros
detalhes, sendo a maioria deles presente de amigos e colegas de trabalho.

De
repente, sentiu o sono tomar seu corpo e se sentou em uma das poltronas do quarto.
Normalmente não sentia sono naquela hora, mas sabia que o relógio biológico das
gestantes as vezes eram desregulados. Pôs-se então a observar o berço até que,
por fim, caiu no sono.
“Ela estava em um lugar escuro. Não via ou
ouvia nada a não ser o som de sua própria respiração acelerada. Deu pequenos
passos rumo a um lugar incerto. Chamou por James e depois por todas as pessoas
que conhecia. Nada. Enquanto caminhava um cheiro horrível atingiu suas narinas,
cheiro de podridão, de corpos em decomposição. Já havia se acostumado um pouco
com a luz do lugar, no entanto, não viu algo que a fez tropeçar e ir ao chão.
Ainda um pouco tonta, olhou para o objeto e viu um corpo ensangüentado aos seus
pés. Tentou gritar, mas nada saia de sua garganta, como se houvessem arrancado
suas cordas vocais e por isso começou a
correr.
A cada passo que
dava, mais corpos pareciam surgir. Todos destroçados ou com ferimentos tão
grandes que davam-lhe enjôo, as vezes ouvia algum gemido fraco, mas não sabia
sua origem. Aos poucos sentia que o terreno aos seus pés ia mudando e se
tornando um solo arenoso até que um som agudo a fez parar. Era um choro de
bebê, um choro que parecia desesperado. Automaticamente levou as mãos à
barriga, vazia.
- May... – Gemeu desesperada,
onde estava sua filha? Correu para frente e os pés entraram em águas frias, no
entanto, a mesma não parou. A cada passo que dava na água, mais o choro parecia mais alto. Até
que parou repentinamente e por algum motivo ela soube que aquele era o fim –
May! May! – Começou a gritar desesperadamente.”
Demorou
alguns segundo para perceber que estava em sua cama e que James estava ao seu
lado. Aparentemente havia sido acordado bruscamente com seus gritos, ele devia
tê-la levado para a cama.
-
Querida? O que houve? Foi só um pesadelo. Está tudo bem – Disse ele segurando em
seu braço, ainda meio grogue de sono.
-
Não... Não – Gemeu, ela sabia que algo não estava bem. Um odor de ferrugem
atingiu sua narina e ela procurou a fonte. Quando achou, sentiu que seu mundo
inteiro desabava naquele instante. Uma mancha vermelha estava entre suas
pernas, em grande parte do pijama e o lençol abaixo de si. Ela havia perdido
muito sangue – James!
-
Sim?
-
P-precisamos ir para um hospital! A
May... A May está morrendo!

Ok,isso explica algumas coisas...E sério,nem lembrava o nome do pai dela,ai você me vem com um cáp em que o pai e a mãe de May são os protagonistas!Isso sim foi surpreendente!Parabéns por nos mandar para o passado,no entanto,creio que no próximo estaremos DE VOLTA PARA O FUTURO!(1)
ResponderExcluirO pai e a mãe da May ainda terão papel bem marcante nessa história, principalmente por causa do passado que ainda afetará muito o futuro da protagonista. Teremos mais momentos como esses no decorrer da fanfic e espero continuar te surpreendendo.
ExcluirObrigada pelo comentário ^^
WoW! Que especial (Do qual eu nem sabia ><, tá parei -q) incrivel!
ResponderExcluirFoi bom ver um capitulo com o pai e a mãe da May, são protagonistas, a mãe da May é sem duvida um dos maiores mistérios dentro da fic, que espero talvez um reencontro breve entre as duas!
E esse final? Será que a mãe dela desapareceu para salvar a filha? Ou talvez...May seria adotada? :O :o :O
Acho que evitarei pensar tanto assim @--@
Mas enfim , Carol, foi um bom especial, ótimo presente de ano novo kkkk
Até o proximo capitulo o/
kkkkkkkkkkkk só esperando para saber o que vai acontecer Marco, ainda vamos ter muitos mistérios nessa história. Você vai se cansar de tanto pensar sobre eles rsrsrs Reencontro? Será que a May está pronta pra isso?
ExcluirObrigada pelo comentário! Até o próximo capítulo!